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  • Oito Corpos Foram Encontrados Em Área Onde Yanomami Foi Assassinado


  • Os corpos foram encontrados enquanto a Polícia Federal sobrevoava a região

Agentes da Polícia Federal encontraram os corpos de pelo menos oito garimpeiros na segunda-feira (1º) em Uxiu, na Terra Indígena Yanomami. A descoberta foi feita na mesma região em que um agente de saúde indígena foi morto a tiros e outros dois Yanomami ficaram feridos no sábado (29).

Após realizar um sobrevoo na região, a Polícia Federal localizou os corpos dos garimpeiros. O caso agora está sendo investigado pela PF, que, com o apoio da Força Nacional, intensificou a segurança na área, conforme informações divulgadas pela Rede Amazônica.

Até o momento, o Ministério da Justiça não se pronunciou sobre o caso, que está sob responsabilidade da Polícia Federal. Já a Funai, o Ministério dos Povos Indígenas e o Ibama ainda não divulgaram nenhum posicionamento a respeito do ocorrido.


Pincipal Suspeita

De acordo com informações de indígenas da região, acredita-se que as mortes estejam relacionadas ao ataque contra a comunidade ocorrido no último sábado (29). Após o ataque, um grupo de indígenas seguiu os invasores pelo rio, mas eles revidaram com tiros. A organização Hutukara confirmou esses relatos.

Uxiu é uma localidade situada na região do rio Alto Mucajaí, que é uma das rotas usadas pelos garimpeiros na região. Segundo informações do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, as três vítimas indígenas foram baleadas por garimpeiros que atuam na área.

Armamento de grosso calibre apreendido com garimpeiros em território Yanomami — Imagem: reprodução

Ilson Xiriana, uma das vítimas indígenas do ataque ocorrido em Uxiu, foi socorrido por equipes que atuam em Surucucu, onde há uma unidade de referência em saúde, por volta de 15h30 do último sábado. Ele estava gravemente ferido na cabeça e chegou à unidade desacordado. Infelizmente, não resistiu e faleceu às 5h33 deste domingo.

Hekurari afirmou que, de acordo com as primeiras informações recebidas, os garimpeiros chegaram à comunidade Uxiu e começaram a atirar. Ele também relatou que alguns dos atiradores estavam encapuzados, com base no relato de um dos feridos.

Um jovem de 24 anos levou dois tiros no abdômen e o outro ferido, de 31, teve dois tiros no abdômen, dois na perna e apresentava sintomas de vômito constante. 

A equipe que os socorreu também identificou ferimento na lombar de um deles. Ambos foram levados para um hospital em Boa Vista para receber tratamento médico adequado.

Após o ataque, a Polícia Federal iniciou uma investigação e, no domingo (30), enviou agentes para a comunidade. Agora, a polícia aguarda a elaboração dos laudos e relatórios para dar continuidade às investigações.

Um dos garimpeiro mortos em confronto com PRF — Imagem: reprodução

Garimpeiros Na Terra Yanomami

A Terra Yanomami, que é o maior território indígena do Brasil, tem sido alvo de garimpeiros ilegais há décadas. Nos últimos anos, a atividade ilegal no território tem avançado de forma desenfreada, causando uma devastação que chegou a 54% em apenas um ano.

A atividade ilegal de garimpo na Terra Yanomami resulta em danos ambientais, insegurança, conflitos armados e impacta significativamente a saúde dos indígenas. 

A situação atual é crítica e humanitária, com a disseminação de doenças como malária, desnutrição e verminoses entre a população indígena, causada pela falta de assistência do governo federal e o domínio do garimpo ilegal na região.

Com o objetivo de interromper e combater o crescimento do garimpo ilegal, o governo do presidente Lula (PT) iniciou uma operação conjunta contra os invasores.

No interior do território, equipes compostas por agentes do Ibama, Força Nacional, Funai, e Polícia Federal realizam ações de enfrentamento, que incluem a queima de aeronaves e a apreensão de materiais utilizados pelos garimpeiros.

Além disso, são realizados atendimentos de saúde aos indígenas enfermos. Esses atendimentos são conduzidos no território por equipes que trabalham no polo de Surucucu, no Hospital de Campanha em Boa Vista, e também em hospitais públicos infantis e de adultos, quando os casos se tornam mais graves.